Camaradas de caminhada, trago ao conhecimento de todos o mais importante projeto desse intrépido, belo, deveras inteligente, munido de incontáveis predicados que vos escreve de vez em nunca.
Dou inicio á “Operação Spartacus”. Primeiramente, como homem educado e civilizado que sou, vou contar a história de nosso homenageado.
Spartacus, como muita gente deve saber, é um filme do renomado diretor Stanley Kubrick, vencedor de quatro oscars na década de 60. Spartacus também é o nome de um antigo jornal periódico anarquista. Pode ser também o nome de um grupo revolucionário socialista alemão, fundado em 1915. Spartacus pode ser ainda o nome de um asteróide ou até título de disco de uma banda de rock. O que pouca gente sabe é: Spartacus existiu. O motivo de tanta inspiração? Para explicar esse fenômeno, precisamos dar um breve passeio pela história de seu mito.
Viveu entre 120 e 70 aC. e foi líder em uma revolução de escravos contra a antiga Roma. De origem trácia (leste da Grécia), Spartacus foi incorporado a um grupo auxiliar do exército romano e, por desertar, foi caçado, capturado e vendido como escravo. Posteriormente foi revendido e, por sua força, foi confinado em uma escola de gladiadores em Cápua, onde contraiu sua fama. Enraivecido pelos maus tratos, ele e mais alguns gladiadores atacaram os guardas da academia, fugindo logo depois. Neste meio tempo, Spartacus e seu grupo encontraram armas e iniciaram uma cruzada pela libertação no coração do império. Várias expedições romanas foram enviadas a fim de eliminar Spartacus e dispersar a rebelião porém, sem sucesso. Só algum tempo depois, já merecendo a atenção da alta cúpula, o cônsul romano Crassus venceu-o em batalha, crussificando todos os sobreviventes ao longo da Via Ápia. Relatos falam da bravura de Spartacus mesmo sabendo da derrota certa.
Com certeza, nosso colega acima era um homem de fibra. Na minha concepção, Spartacus serve como uma idéia, assim como outros heróis pessoais. O legionário que virou escravo, que virou gladiador, que virou comandante e, por fim, virou mártir. No fundo dessa trama, temos como foco a luta pela liberdade. Liberdade de pensamento, de ir e vir, de escolher, de não querer ser posse, de escolher quando dizer sim ou não. Ao longo do tempo ouvi muitos “nãos”, fui recriminado e me recriminei. Vi pessoas prenderem-se a conceitos estapafúrdios como “minha mãe não deixa” e “o que é que vão pensar?!”.
“Operação Spartacus” é o nome que dou à minha grande viagem. Não, não vou me matar, ainda tenho alguns layouts pra entregar. Nem vou comprar um quilo de drogas. A viagem que vou fazer é aquela que eu quis a vida toda: sair sem rumo pela Europa. Claro que não é tão sem rumo assim mas, não vou seguir a regra à risca. Pretendo viver com intensidade máxima cada momento, cada lugar, desatar amarras, esquecer dos “nãos”, das “mães nazistas”, do pensamento covarde de outrem, das minhas nóias.
Tenho como meta encarnar o espírito de nosso bravo paraninfo e seguir em frente, se possível, libertando outros. Afinal, que líder libertário eu seria se trabalhasse apenas em minhas correntes?
| "Brother", Alice in Chains |