segunda-feira, abril 23, 2007

Sobre medo.

Esses dias prestei atenção ao significado do “ter medo”. Do que sentimos medo? Quando crianças dizíamos temer o monstro que vive debaixo de nossas camas. Adolescentes, de que nossos amigos nos vissem em situações constrangedoras. E agora, adultos? Nós que já ultrapassamos a barreira vinteônica, muitas vezes, já contraímos tantos receios que tornamo-nos bombas relógio.

Primeiro, quando mais jovem, temia não honrar meus pais. Atentava para toda e qualquer ação, minha e dos outros. Aprendia tudo que era possível, tentava ser justo ao máximo. Muitas vezes errava, reconhecia e me desculpava. Alguns aceitavam, outros retalhavam. Um dia percebi que tinha que honrar a mim mesmo. Sendo, ainda, justo e sincero. Honra não se transfere e cada um encontra o caminho para sua própria.

Em uma fase posterior, tive muito medo de falhar em minha profissão. A insegurança era tanta que paralisava minha criatividade. Não conseguia pensar, cada problema transformava-se em um Godzila corporativo. Tempo e experiência foram mentores para tornar-me um profissional.

Hoje, meus medos enraízam na parte mais frágil de qualquer pessoa. Sofrer pelo coração tornou-se um fardo muito maior do que imaginei. Enquanto resolvia meus problemas “políticos” e profissionais, uma nuvem negra cresceu em volta do meu peito. Fez com que magoasse pessoas extraordinárias, que me amavam muito. Uma atitude incompreensível, por vezes, imperdoável. Na tentativa de evitar sofrimento, a dor foi a mesma. Talvez até maior do que esperava. As mesmas palavras ásperas, as mesmas lágrimas, o desespero vivo que fala por nossas bocas sem permissão.

Ainda preciso resolver questões dentro de minha cabeça. Continuo confuso e temeroso. Só me resta pedir perdão àqueles que fiz sofrer, erguer a cabeça como um homem e continuar no caminho.

Leia ouvindo "Pearls", Sade