quinta-feira, dezembro 28, 2006

Esquecendo 2006.

Sade - Pearls
there is a woman in somalia
scraping for pearls on the roadside
there's a force stronger than nature
keeps her will alive
this is how she's dying
she's dying to survive
don't know what she's made of
i would like to be that brave

she cries to the heaven above
there is a stone in my heart
she lives a life she didn't choose
and it hurts like brand-new shoes

hurts like brand-new shoes

there is a woman in somalia
the sun gives her no mercy
the same sky we lay under
burns her to the bone
long as afternoon shadows
it's gonna take her to get home
each grain carefully wrapped up
pearls for her little girl

hallelujah
hallelujah

she cries to the heaven above
there is a stone in my heart
she lives in a world she didn't choose
and it hurts like brand-new shoes
hurts like brand-new shoes

sexta-feira, setembro 29, 2006

I can't tell you why.

Look at us baby, up all night
Tearing our love apart
Aren't we the same two people who live
Through years in the dark?
Ahh...
Every time I try to walk away
Something makes me turn around and stay
And I can't tell you why

When we get crazy,
It just ain't to right,
(Try to keep you head, little girl)
Gir, I get lonely, too
You don't have to worry
Just hold on tight
(Don't get caught in your little world)
'Cause I love you
Nothing's wrong as far as I can see
We make it harder than it has to be

And I can't tell you why
I can't tell you why
No, no, baby, I can't tell you why
I can't tell you why
I can't tell you why


Leia ouvindo | Eagles |

terça-feira, setembro 12, 2006

Sussurros da noite.

Por esses dias um grilo tem visitado os “Alpes da Brasilândia” onde resido. Passa a noite a “cricrilar” em frente à minha janela. Incansavelmente. Por incrível que pareça, os renitentes “cri-cris” não me incomodam, pelo contrário. Levam-me de volta à minha infância querida, encalacrada em algum canto escuro e distante da minha memória.

Diferente de muitas pessoas, não vou contar histórias incríveis de uma criança cheia de vida. Aliás, não vou contar história alguma. Vou escrever sobre a minha percepção de mundo, muito diferente das outras crianças.

Nunca fui convencional. Sempre atentei para coisas que ninguém, até seus seis anos de idade, prestava atenção. No vento soprando as nuvens e os resquícios de lua pela manhã, o movimento demorado do Sol pela janela deixando o canto da minha cama, o cheiro da chuva e o céu confuso entre tons cinzentos e o azuis. Claro que gostava de brincar, mas era isso que me fascinava. Ficava parado, observando com paciência, percebendo o momento segundo a segundo e, às vezes era isso o que durava. Poucos segundos.

Lembro de uma janela rachada no quarto de minha avó.A fissura atravessava o vidro na diagonal, fazendo uma curva que começava quase reta e terminava íngreme. Gostava de ficar olhando para ela e imaginando que era parte do desenho de uma montanha bem verde e que eu desceria de carro um dia. Até cortei-me certa vez quando resolvi fingir que o carro era meu dedo. Com três anos de idade, ainda temia o sangue. Não senti a dor do ferimento, no entanto chorei ao ver o vermelho vivo.

Recordo quando viajava com meus pais para colônias de férias na praia. A sensação de estar em um lugar novo, ainda que sempre fosse o mesmo. Pessoas novas, amigos novos, as brincadeiras, tentar ver os filmes que exibiam a noite e que crianças não podiam ver, tentar pescar girinos pensando que eram peixes pretos, a grama da noite molhada pelo sereno, o ar úmido de praia, a areia entrando no tênis, o xixi escondido no mato e o som dos grilos.

Uma lembrança muito marcante era o som dos grilos anunciando a chegada da noite. Dezenas deles, fazendo aquele “cri-cri”, me hipnotizando, dizendo: “Olha, a noite chegou, você já viu a lua?”. Adorava ir para algum canto, solitário, ouvir os grilos, ver a lua e sentir o cheiro do mato. Desligava do mundo nessas horas. Pensava sobre tudo enquanto escutava aqueles sons que me encantavam e que eu nunca sabia de onde vinham ao certo. De alguma forma, sabia que um dia isso ia mudar, então, sentia o peito apertado, com saudade de uma história que havia apenas começado.

Saudade que hoje é real. Um encanto que a vida adulta me tomou, prazeres que hoje, não são mais tão simples. Lembranças doces e distantes que um grilo perdido na cidade trouxe de volta. Um abraço quente que não sentia há tempos, de mim mesmo vinte anos mais novo. Outra vez, ao deitar na cama, vou dizer: “Boa noite, meu amigo.”. Espero ouvir sua resposta mais uma vez. “Cri! Cri! Cri!...”

Leia ouvindo | Silêncio!! |

quinta-feira, julho 13, 2006

Brisa despedaçada.

Um homem sai de seu escritório depois de enfrentar 12 horas de trabalho. Seu corpo cansado quer apenas encontrar repouso em uma cama macia e a boa comida que seu lar oferece. Em meio a folhas e pastas, joga seus pertences na bolsa com pressa.

O celular toca, amigos o convidam para beber. Ele pensa em descansar, mas, a vontade de extravasar o peso das responsabilidades é mais forte. O sabor amargo e borbulhante de uma boa cerveja gelada regado a gargalhadas e ar fresco podem curar temporariamente suas dores até a próxima manhã.

Convite aceito, bolsa no carro, vidros abertos, boa música, a lua gentilmente brilhante e vontade à tona. Os ingredientes misturam-se e formam a perfeita combinação para a noite ser agradável.

No caminho pensa todos os assuntos do dia. Alguns deliciosos, outros um pouco mais preocupantes, breves revoltas sobre o trabalho. Ele não se deixa abater e segue firme, sem pensar que em poucas horas enfrentaria tudo novamente.

Estaciona o carro e combina o valor com o rapaz que promete cuidar do veículo. Chegando, vê-se livre ao sentir a mesa de bar, as bolachas de apoio, os copos tornando-se cheios e sendo selados com espuma branca e cremosa, o suor no vidro redondo, os goles gelados, a mão molhada na umidade da garrafa, os sorrisos. Sempre amou o gosto da liberdade, da vida simples e despreocupada.

Durante sua viagem interior, percebe certa movimentação. Pessoas levantam-se de suas mesas, algumas ligam os celulares, outras arregalam os olhos. Lentamente vira-se. Repara um clarão no meio da rua, próximo onde está sentado. Seus olhos cansados não conseguem focar o que está acontecendo exatamente. Força os olhos e escuta: “Está pegando fogo!!”. “O quê?”, pergunta curioso. “O ônibus!!”. Desconfiado, resolve levantar e averiguar o alarme. Só então consegue identificar as luzes. Fogo, labaredas lambiam o coletivo com voracidade. Pedaços de vidro pelo chão e outras partes que somente brilhavam em chamas. Medo e tensão passaram a tomar conta do ambiente. Até a brisa leve e suave transformou-se em um vento frio.

Ele reage apenas com a mente, revoltando-se por mais um ato de vandalismo coordenado. Os sabores dissiparam-se e deram lugar ao gosto amargo das sirenes. Ele observa um helicóptero esbaforido, provavelmente de alguma emissora de televisão. As pessoas correm, algumas riem desprezando a situação. Garçons fecham as mesas e avisam: “Pessoal, vamos ter que fechar o bar por motivos de segurança!”.

Fim de noite. A frustração trás consigo todas as sensações desagradáveis que tentou esquecer. Volta a pensar na cama macia e segura. Pensa e teme ter seu direito a um mínimo de qualidade de vida deflorado.Ele não quer mais temer. Ele não quer mais revoltar-se. Ele quer paz, justiça e consciência, mas, lutar sozinho, é pesado.

“Melhor voltar pra casa”.

Leia ouvindo | "Mi Vida", Manu Chao |

quarta-feira, julho 05, 2006

Independentes e urbanos.


Neste 4 de julho, dia da independência americana (malditos ianques), tenho o prazer de dizer que chegou ao Brasil, mais especificamente em São Paulo, a “filial” do blog americano Gothamist. Por iniciativa de um grupo de independente de jovens jornalistas, o Sampaist foi criado para noticiar a vida paulistana em seu mais amplo sentido: música, bares, arte, cultura, curiosidades, pontos turísticos e mais outros atributos da cidade mais movimentada do país. Sua equipe é muito talentosa e dedicada, o que pode ser notado em uma leitura leve, agradável e bem instrutiva. Também usam fotos características da cidade ilustrando as matérias.

Interessante é que o leitor também pode interagir com o conteúdo, não só comentando, mas enviando material. Sim, eles aceitam sugestões de textos! Claro, se estiver dentro do tema “São Paulo”, por isso nem adianta mandar um post lamentando sua vida miserável, vamos ter um pouco de bom senso.

O Sampaist é um prato cheio para quem ama São Paulo, perfeito para os urbanóides de plantão. Mesmo para quem não gosta tanto de florestas de pedra, vale muito a pena dar uma passadinha por lá e conhecer um pouco da parte bela de nossa cidade ou simplesmente informar-se sobre o que acontece no decorrer do dia.

Esse Camarada já é fã!


Leia ouvindo | "Nem vem que não tem", Wilson Simonal |

domingo, junho 25, 2006

Sede de Sade.

Todos sabem sobre minha fixação por música. Música é algo que pode transformar meu humor em segundos, embala meus pensamentos, ajuda-me a concluir idéias e desenhar lugares que nunca existiram para relaxar meus neurônios viajantes.

Hoje estou feliz por recuperar as canções de uma das divas que cantaram parte da história de minha vida: Sade, Lovers Live. Sade, pra quem não conhece, é uma cantora nigeriana que fez muito sucesso nos anos 80 e principio dos 90. Em seu repertório possui clássicos como “No ordinary love”, “By your side” (tenho uma relação intensa com essa) e a mais famosa “Smooth operator”. Quem tem seus 20 aninhos deve conhecer, com certeza. Todas suas músicas têm uma sensualidade particular, perfeitas para embalar uma noite a dois.

Deixo, então, minha dica de trilha sonora romântico-sensual: Sade, Lovers Live. Degustem e degustem-se, sem nenhuma moderação.


Leia ouvindo | "Somebody Already Broke My Heart", Sade |

Leia ouvindo | "Slave Song", Sade |

segunda-feira, junho 12, 2006

Extremo mau humor.

Sem maiores comentários...

Reflexos diários.

Fim de semana estranho. Muito estranho. Nada aconteceu, ninguém se divertiu, todos dormiram ou ficaram em suas casas. Fim de semana reflexivo. O mundo girou, o sol baixou e tudo continuou com se nada tivesse acontecido.

Tempos de dias iguais são assim. Ontem, hoje e amanhã como trigêmeos. Só as reflexões procederam em suas infinitas atividades conclusivas e questionativas.

Qual o problema?
Como começou?
Até quando?
É isso.
Foi ali.
Nunca.
Certeza?
Talvez.
...

quarta-feira, junho 07, 2006

Só um pouco mais de stress.

Difícil é a palavra do momento. Está tudo difícil, ultimamente. Trabalho, amigos, colegas, relacionamentos alheios, tempo, paciência, tudo. Esse Camarada que vos fala passa por uma fase em que nada o agrada ou tranqüiliza. Tento, ainda, achar o caminho que vinha seguindo desde tempos antigos, aquele que me trouxe até o meio da montanha.

Hoje tive uma experiência desconcertante no trabalho. Atrasei em mais um dia um projeto da agência que não poderia ser adiado. O mais chato de tudo não é ficar correndo de um lado para outro desesperado, é ver a decepção nos olhos de outra pessoa. Ver os olhos baixos, preocupados, arrependidos, quase suplicantes por voltar no tempo e erradicar certos atos de seu passado. Pois é, ser uma “pessoa legal” não é tudo na vida, existem mais coisas. Não que eu não soubesse disso, mas, há horas que parecemos jogar isso em nossa própria cara. Outro dia uma pessoa teve uma atitude decepcionante comigo. Interessante que nem deram bola, mas, tudo bem.

Acontece, coisas da vida. Nesse momento estou tentando controlar a nervosia de minha alergia, que está atacada por causa do meu nervosismo. São tantos nervosos juntos que ainda tento descobrir qual me incomoda mais.

Bom, é isso aí (íííííííííí...). Agora que já desabafei um pouco e aliviei um dos meus estresses, vou dormir e pensar em minha próxima viagem. Sim, vou viajar de novo pro nada, mais uma vez. Não perguntem onde vou parar, mesmo assim, vou aceitar sugestões. Podem começar os lances.

segunda-feira, maio 29, 2006

Os presentes do futuro passado.

Estou com vontade de escrever. Não sei sobre o que. Tenho tantas coisas pra falar, tantos assuntos pra discutir, tantas visões pra dividir que não sei por onde começar. Minha cabeça tem girado mundos inteiros de uns tempos pra cá. O que mais me marcou foi a volta do meu passado. Reparei que sempre que nossa vida (pelo menos a minha) vai dar uma reviravolta, ele bate à nossa porta.

Sempre percebo que minha vida vai mudar quando aparece algum amigo há muito sumido, uma situação que volta a acontecer ou um estilo de vida que retomo. Dessa vez ocorreram todos juntos e minha vida transformou-se em algo inesperado. Coisa do tipo “água pro vinho”. Ainda estou avaliando se foi bom ou ruim. Tendo a pensar que as coisas nunca mudam pra pior, mas, fica sempre aquela sensação de receio antes de mais um desafio. Quando percebo estar acuado, tenho a característica de atacar. Nunca recuo, nunca me dou por vencido. Enfrento de frente e de perto, “olhando o bicho nos olhos”.

Não vai ser diferente, agora. Vou abraçar meu novo estilo de vida e seguir em frente. Aprendi a ser mais forte com o que vivi no passado e sei que foi essencial pra essa nova fase. Parece até um jogo. Fases, obstáculos, ficar mais forte... Acho que a vida não é nada mais, nada menos que um grande jogo. Cabe a nós descobrir suas entradas secretas e códigos de acesso livre a novos levels. Eu passei mais um. Não sei o que esperar dessa vez e não vou pensar nisso, só esperar a hora em que o passado voltará pra me buscar e mostrar que chegou a hora de pular para a próxima tela e sei que até isso acontecer, vou estar mais forte.

Que venha esse presente antes que o futuro pretérito bagunce tudo de novo. Estou pronto pra mais uma.


Leia ouvindo "You were there", Eric Clapton

terça-feira, maio 16, 2006

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você.

Estranho seria se eu não me apaixonasse por você
O sal viria doce para os novos lábios
Colombo procurou as Índias
Mas a terra avisto em você
O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário
Estranho é gostar tanto do seu all star azul
Estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras
Satisfeito sorri quando chego ali
E entro no elevador
Aperto o 12 que é o seu andar
Não vejo a hora de te encontrar
E continuar aquela conversa
Que não terminamos ontem
Ficou pra hoje
Estranho mas já me sinto como um velho amigo seu
Seu all star azul combina com meu preto de cano alto
Se o homem já pisou na lua
Como ainda não tenho seu endereço?
O tom que eu canto as minhas músicas pra tua voz
Parece exato
Estranho é gostar tanto do seu all star azul...

I'm breathing with....

terça-feira, maio 02, 2006

O que corre na alma de um Camarada.

"Há um vilarejo ali
Onde Areja um vento bom
Na varanda, quem descansa
Vê o horizonte deitar no chão
Pra acalmar o coração
Lá o mundo tem razão

Terra de heróis, lares de mãe
Paraiso se mudou para lá
Por cima das casas, cal
Frutas em qualquer quintal
Peitos fartos, filhos fortes
Sonho semeando o mundo real
Toda gente cabe lá
Palestina, Shangri-lá

Vem andar e voa

Vem andar e voa

Vem andar e voa

Lá o tempo espera
Lá é primavera
Portas e janelas ficam sempre abertas
Pra sorte entrar
Em todas as mesas, pão

Flores enfeitando
Os caminhos, os vestidos, os destinos
E essa canção
Tem um verdadeiro amor
Para quando você for"

domingo, abril 02, 2006

"E aí, companheiro?".

Vou fazer uma pausa por escrever sobre minha viagem. Hoje quero falar sobre amigos. Aqueles que, mesmo nos dias em que estamos mais acomodados, nos fazem tirar o pijama, as cobertas, o chinelo de dedo, colocar uma roupa legal e ir a um jantar, uma festa ou a uma mera reunião. Quero falar sobre eles porque acabei de voltar de um desses eventos. Um jantar, mais especificamente.

Um jantar completo. Pão, ricota, sardela, vinho, iergenmaster (ou algo assim) lasanha (e que lasanha!) e claro, na sobremesa pavê. Tudo que mais gosto. Entretanto o prato mais recheado foi aquele que saboreamos com a alma. As conversas na varanda, as piadas, mesmo que marcadas, a troca de experiências, os sorrisos, as fotos. Tudo estava perfeito.

Enquanto olhava para a toalha branca esticada na mesa, pensei em como, muitas vezes, sou mal agradecido com a vida, que me deu amigos e sabedoria para degustar momentos tão especiais.

Por isso, hoje estou feliz. Quero contemplar o que conquistei com carinho e companheirismo. Também devo agradecer àqueles que fazem parte desse império. Obrigado, camaradas, esta noite durmo mais tranqüilo.


Leia ouvindo "Like a rolling stone", Bob Dylan ou Rolling Stones

terça-feira, março 07, 2006

Caminhos de um Eremita - Parte III

Meu destino estava lá, mas, eu não conseguia ver. Claro, pegando o caminho errado nunca se chega onde quer. Disseram “Pegue a rodovia Castelo Branco e entre no quilometro 78. Depois faça a interligação e vá até a Raposo Tavares, então é só seguir até o quilometro 100 e já chegou”. Não consigo nem seguir instruções decentemente, desde pequeno me perco nos lugares mais absurdos. Certa vez, quando estudava no Makenzie, logo no primeiro dia de aula, consegui perder-me no horário do intervalo e não pude retornar à sala. Alguns professores lembraram disso até o fim do ano, o que me dificultou bastante a vida. É uma vergonha.

Depois de muitos “Whata fuck!! Onde é que eu fui parar??”, consegui encontrar meu hotel (eu disse HOTEL, com “h”, assim como o maldito “heremita” que me encheram tanto o saco pra arrumar. Tá certo, tudo por um bom português) que ficava em frente a um Carrefour, perto da rodovia.

Chegando, fui resolver os problemas de instalação. Nome assinado e malas pra dentro. Começava minha empolgante jornada rumo ao desconhecido.

Com dez minutos de viagem já queria voltar. A TV do quarto pegava mal, o hotel era vazio e o andar inteiro fedia cigarro apagado. É, não podia deixar-me abalar pelas dificuldades e aridez do terreno, tinha que continuar, firme, forte e com um puta sono. E que sono!! Só conseguia pensar em dormir, mas, antes precisava tomar banho e escovar os dentes. Exatamente tudo o que não tinha no quarto. O que fazer? Foi aí que lembrei do Carrefour! Bendito seja!!

Guardei as malas, peguei a carteira, coloquei um chinelo e fui comprar sabonete e shampoo. No caminho fui me animando para ver a cidade. O vento estava favorecendo um bom clima para a noite levemente quente.

Com os acessórios comprados, voltei ao hotel e fui tomar meu delicioso banho. Delicioso não sei pra quem. Ao abrir o chuveiro, caiu uma água tão gelada que pensei que estavam de brincadeira comigo, só podia ser. E não tinha nada para mudar a temperatura da água. Pensei “Acho que ela esquenta com o tempo”. Sim, uns 20 minutos. Ótimo, adoro passar frio.

Banho tomado, faltava só escovar os dentes. Sabia que faltava alguma coisa. Volto a colocar o chinelo e o rumo do mercado de novo.

Dentes escovados, banho tomado. Agora sim! Jantei no restaurante do hotel e fui passear um pouco. Desci a avenida vendo as pessoas, os bares, os carros, tentando descobrir onde ia parar. Vi o céu da noite, que a muito não via. Essa caminhada sem compromisso me fez bem. Resolvi, então, parar num bar e pedir uma cerveja.

Beleza, estava eu lá, solitário, o homem da estrada pedindo minha cerveja gelada sozinho, como nos filmes de cowboy. Primeiro gole e penso “Da hora!”. Olho as pessoas rindo e divertindo-se. Os casais se beijando. Tomo o segundo gole e penso “Que merda! Que que eu to fazendo aqui sozinho??”. É, camaradas, ficar sozinho é bem estranho. Mais do que eu imaginava. Bem mais.

Pra não dizer que a noite foi totalmente perdida, vi um atropelamento. Uma moto atropelou um rapaz que subia a avenida a cavalo bem pelo meio da rua. O que dá na cabeça de um cara pra subir uma avenida movimentada a cavalo, com um galho na mão e virar de repente? No meio da rua!! Claro que seria atropelado! Logo que virou, percebi o que estava por acontecer. O barulho do impacto foi alto. O rapaz e a moça que estavam na moto voaram para o chão enquanto o safado do peão erguia-se para fugir em seu cavalo branco. Que cena bonita. A policia, como sempre, chegou atrasada. Adoro gente ágil, tanto o rapaz e seu cavalo branco quanto a policia.

Pedi mais uma cerveja. Queria ver se aquela sensação passava, mas, percebi que vinha pra ficar. Voltei ao hotel vazio e para meu quarto-cinzeiro. Dormir longe de tudo e de todos também é bem estranho. Quem sabe no dia seguinte não me sinto melhor?

Continua...

Leia ouvindo "Como vovó já dizia", Raul Seixas

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Caminhos de um Eremita - Parte II

Começou Sábado, às 17 horas. Havia conseguido dissipar a adrenalina que me impedia de continuar, mas, antes de partir, precisava de dinheiro e combustível. A quantia certa, o tanque cheio, depois, apenas o largo e profundo horizonte. Assim, fui buscar a origem de meus anseios. Milhões de pensamentos invadiam minha cabeça preocupada mas, foram afogados com gasolina e triturados pela valentia de minhas rodas. O som alto, as músicas certas, o desafio e, finalmente, o horizonte.

Ele abriu-se como um sorriso brilhante e charmoso, prometendo sonhos. Segui a estrada, li as placas, meu destino já se anunciava. Chamava-me com pulmões fortes para que não desviasse, sua uma voz quente e reconfortante, instigava minha coragem para seguir em frente.

A música embalava meus sonhos de andarilho. Elas diziam para eu ser “racional”, para continuar naquele “caminho do bem”. Sem pensar muito, seguia as faixas brancas da estrada.

A chuva aproximava-se, o brilho do Sol começava a cessar. Algumas gotas, o vento um pouco mais gelado, a janela que se fechava parou pela metade ao perceber que meu caminho não era aquele. O Sol havia quebrado a barreira das nuvens e formado mais um de seus espetáculos. O caminho das chuvas não era o meu. As curvas levaram-me aos fachos de luz desenhados no céu. Diminuí a velocidade para tentar ver com mais clareza o que Pachamama queria me mostrar mas, a beleza ofuscou meus pensamentos. Azul, preto, amarelo, laranja, vermelho, anil e o dourado. Todas as cores estavam presentes enchendo meus olhos de encanto.

Um carro passa velozmente. Desperto de meu transe e percebo que é hora de voltar os olhos para a estrada. O velocímetro gira rapidamente para a velocidade de cruzeiro. “O que vou fazer quando chegar lá?”. O vento areja minhas idéias e leva meus ferimentos pra longe. Sentia que estava em casa naquela rodovia. Sem preocupações, sem ancoras, sem batalhas, só o vento e a música. A música, minha companheira inseparável durante os dias de viagem. As trilhas de minha vida.

Adiante, uma depressão e uma subida. Ao aproximar-me do topo, vou descobrindo um brilho forte. Era ele de novo. O Sol. Pintava as cidades próximas e a estrada com raios dourados que corriam do alto, dançavam entre as nuvens e beijavam a terra. Cidades e arvores de ouro cegavam meus olhos embasbacados. Um caminho dourado que prometia a glória final de minha jornada abria-se cada vez mais. Sorrir foi inevitável. Não acreditar foi impossível. As lágrimas secaram. A esperança renasceu e me fiz forte de novo. Meus demônios acovardaram-se e minha coragem floresceu novamente.

Já sentia os efeitos de meu ato. Restava, agora, chegar.

Continua...

Leia ouvindo | "El Mariachi", Era uma vez no México |

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Some things, we never let go...

Caminhos de um Eremita - Parte I

Ok, ainda não decidi sobre o destino de minha viagem, apenas sobre algumas definições: MP3 Player emprestado calibrado com The Doors, Elvis, Buenavista Social Club, O Rappa e Rolling Stones, roupas, refrigerante, alguma leitura e um guia. Falta definir mais algumas coisas, mas é só o caso de parar pra pensar melhor.

Acabei contando para meus pais sobre a minha pequena aventura pelo estado. Meu pai, sempre calmo e seguro, perguntou o porque e confiou, mesmo que só aparentemente, em minha decisão. Minha mãe, coitada, esta tentando me convencer até agora que não devo ir. Mas, vou, com chuva, sol ou neve (o que vai ser bem difícil).

Chamaram-me pra ir a muitos lugares, mas, vou sozinho, mesmo. Peguei gosto pela idéia. Já me disseram pra: Tomar vergonha na cara, levar papel higiênico, ficar em casa, ir e não voltar e, o mais bizarro de todos, tomar cuidado para não me enfiar no meio do mato, ter o carro roubado, ser estuprado e sair feliz por aí andando a pé. É, essa realmente não vai acontecer.

O importante é que tem alguma estrada que vai me levar a algum lugar desconhecido, cheio de desconhecidos e cheio de novas possibilidades. Falta descobrir onde é esse lugar e, para isso, estou procurando sugestões. Ouvi falar sobre Trindade, "o paraíso na terra", Parati, Amparo, Brotas e suas cachoeiras, Guarujá, Floripa, Barra Bonita, Ilha Grande, Ilhabela e suas belezas, São Sebastião e muitos outros lugares. Não sei qual caminho vou seguir, se alguém quiser dar algum palpite, eu aceito.

E aí, você conhece algum lugar a no máximo 3 horas daqui?

Leia ouvindo | "Clandestino", Manu Chao |

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Diálogo de alienados.

Na mesa do restaurante...

Fulano: Garçon, por favor, traga-me um petit gauteau.
Garçon: Pode deixar, senhor!
Cicrano vira-se para Beltrano e pergunta, logo na seqüência, com a cara mais atordoada que poderia: Gauteau é gato, mesmo?
Fulano: É bolo!
Cicrano: Glump!

Em frente ao prédio da empresa, durante o horário de almoço...

Fulano: Eu tinha uns sonhos estranhos quando era pequeno, uma vez sonhei que era o rei do gado que, quando anoitecia, virava lobisomem e em uma manhã acordei comendo sanduíche de alface e era estrangulado por ele.
Cicrano: Vixi! E eu que tinha mó neura de ir pra escola pelado, de esquecer de me vestir!
Fulano: Você sonhava que o pessoal ficava te zuando?
Cicrano: É, eles ficavam rindo da minha cara ai eu molhava eles e dizia “ Vai rir, mas, vai rir molhado!!”.
Fulano: Afff...
¬¬

Eu só conheço gente muito, mas, muito doente...

terça-feira, fevereiro 21, 2006

No chains for tomorrow.

Hoje estou num aqueles dias (sem piada, muleke!). Tenho vontade de sair por aí, sem destino certo, sabe? Pegar um busão pra lugar algum. Dar uma de homeless, passar a noite num lugar e sumir pela manhã. E acho que é isso que vai rolar no carnaval.

Estou pensando em ver como anda o interior ou então dar uma chegada em alguma praia que eu ainda não conheça. Sozinho, sem correntes. É bom pra refletir um pouco, pensar na vida, encher a cara sem compromisso, que nem fez meu brother, el Compañero. Esse cara fez a viagem que eu sempre quis fazer, colocou a mala nas costas, olhou para o horizonte e disse " é ali que vou ficar". To precisando fazer isso um pouco mas, não vou contar pra onde vou, nem se vou e nem quando vou.

A semana começou meio sem destino, acho que é assim que vou levar a vida agora. Domingo foi foda, não interessa porque. Basta saber que vou conduzir a vida de outra forma. Mais do que nunca, tenho consciencia de meu objetivo e nada vai me parar dessa vez.

Relembrei porque meus heróis são heróis e porque que morreram. Lembrei que vale a pena buscar o que desejamos, vale a pena sentir dor, gritar, lutar…Mas, antes preciso recarregar minhas baterias. Nesse carnaval vou encher a cara e filosofar com meus demônios, é com eles que preciso bater um papo malandro.

Talvez eu conte o que fiz, ainda não sei, mas, de certo não vou dar previsões do que planejo. Só que algo vai acontecer. A terra vai tremer, camarada.


Leia ouvindo | "Sunday, bloody sunday", U2 |

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Olhos de criança.

Eu pensava que a inocência tinha morrido nos anos 80. Hoje deparei-me com uma situação simples, pura e curiosa. É até estranho falar disso. De fato, senti uma ponta de inveja pela minha pureza perdida, mas, ainda sim, inspirei a brisa doce do momento.

Aconteceu que um amigo recebeu um e-mail, um tipo de corrente monetária que prometia lucro certo. O sistema era o seguinte: você recebe o e-mail com 6 nomes e 6 números de contas bancárias, então 1,00 real deveria ser depositado em cada uma delas. Aí, é só repassar para o maior grupo de pessoas possível. Dessa vez, no fim do texto não dizia que se a mensagem não fosse enviada em 10 segundos, 6 membros de sua família teriam um enfarte do miocárdio, pelo contrário, ela trazia um cálculo. Se 3% das centenas de pessoas depositassem a quantia estipulada, poderíamos receber milhares de reais. Não lembro agora como eram as contas, mas era uma idéia muito interessante.

Bom, como sempre, eu desconfiei da empreitada. Disse ser arriscado, e que nunca ninguém havia ouvido falar nisso e, sendo assim, como poderia ser algo sério. Meu amigo não se abalou com minhas palavras de descrença e disse “Eu estou apostando. E se outros também apostarem?”. Fiquei sem argumentos. Como poderíamos saber? E se realmente der certo? Olhei seus olhos cheios de fé e não pude deixar de perceber um brilho esperançoso no fundo de sua alma. Nunca o vi assim. Era uma pessoa tranqüila mas, enrijecida pelas necessidades de sua família durante o período de faculdade e, agora, por suas obrigações de pai e marido.

Na verdade, não cheguei a ler o tal e-mail, mas, ele falou com tanta fé que acabei sendo envolvido por aquela atmosfera de “querer acreditar”. Fui levado por uma estranha força a acompanhá-lo na jornada até as agências bancárias. Penso que nem ele mesmo sentiu a energia que envolveu aquele momento. Um misto de paz e tranqüilidade, como se voltasse a ser criança e acreditasse que os sonhos se realizavam e que as bruxas tinham narizes pontudos com uma berruga na ponta. É difícil descrever o que senti na hora, mas, seria muito bom se todos se sentissem assim mais vezes. Acho que o mundo seria mais humano e, a vida, menos sofrida.

Fiquei sem assunto, engasgado pela intensidade do momento durante aqueles poucos minutos que me faziam sentir forte, novamente. Lembrei de quando era criança e parecia saber de algo que ninguém mais conhecia. Aquele segredo que nos faz sermos felizes e que esquecemos quando ficamos adultos. Não sei se foi assim com todos, mas, comigo foi.

Ao chegar na empresa, continuei duvidando da veracidade da aposta, mas, mesmo assim, torço para que dê certo. Quem sabe eu não volto a acreditar na boa fé e na esperança? Só o tempo dirá

Leia ouvindo | "Le Usuahia A La Quiaca", trilha de Diários de Motocicleta |

If...

Enquanto garimpava algo interessante nessa bagunça que é meu PC, encontrei esse texto que achei interessante. Não lembro onde vi, mas, tinha deixado uma cópia "escondida".

"If you could step into my head, tell me, would you still know me? And if you woke up in my bed, tell me, then would you hold me or would you simply let it lie, leaving me to wonder why I can`t get you out of this head I call mine. And if I jumped off the Brooklyn Bridge, tell me, would you still follow me? And if I made you mad today, tell me, would you love me tomorrow? Or would you say that you don`t care and then leave me standing here?"

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Que fase......

Que fase...Tem horas que tudo parece estar indo abaixo. Ainda estou tentando descobrir qual dos pilares devo apoiar primeiro. Todos estão caindo ao mesmo tempo. Sei apenas que uma hora o teto vai desabar e provavelmente estarei embaixo.

Uma dessas colunas é a da amizade. Fiquei sabendo hoje que um camarada, praticamente irmão, vai embora. Vai voltar a morar com a mãe porque não tem dinheiro para ficar aqui sozinho. Conheço o “cabra” há pelo menos 8 anos, sempre nos ajudamos muito. Dessa vez foi diferente, não pude evitar sua partida. E isso me deixa triste. Vou sentir muita falta de você, velho irmão. Minha vida, agora, passa a ser um pouco mais densa.

A cobrança no serviço (já mudei de emprego de novo) é outro fator de stress. Cobrança por minha parte, querendo que tudo seja perfeito, e cobrança de pessoas que não quero decepcionar. Está sendo muito duro. Sinto o peso desmedido do compromisso com meu futuro a todo instante.

Não consigo ficar em paz comigo, não entendo o que acontece! Semana passada tive uma crise terrível de gastrite nervosa. Não conseguia nem comer. Pelo menos isso melhorou.

Estou escrevendo para desabafar, ver se algo melhora, se consigo enxergar o ponto de desequilíbrio e dar um jeito nessa bagunça. Quem sabe você não pode me ajudar?

quinta-feira, janeiro 26, 2006

E tudo o que resta, é o silêncio...........

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terça-feira, janeiro 17, 2006

Tentando ganhar alguma coisa.

Bom, ultimamente não tenho tido muita vontade de escrever, então vou colocar o link para vocês poderem votar em umas estampas que fiz. Sim, votar, manja? Guarde esse título de eleitor, basta apenas um click.

O que eu ganho com isso? Para cada estampa aprovada ganho 200 reais em dinheiro mais 300 em compras no site. Vamos ajudar um pobre coitado, vai!

http://www.camiseteria.com/profile.aspx?usr=fapiccolo