Alô?
Tem alguém aí?
Olho pela janela, você não está lá.
Onde procurar?
Todas as portas estão fechadas.
Onde encontro as chaves?
Estão quebradas.
Um faixo de luz me chama atenção. Corro ao seu encontro e chegando percebo que era apenas o reflexo do Sol no espelho.
O espelho não me reflete! Quem sou?
Procure mais.
São tantas portas! Não encontro as chaves! Onde acendo a luz?
Está escuro. Medo e frio. Onde está você?
Longe.
Alô? Alô??
Tem alguém aí?
Não, estou só.
sábado, setembro 24, 2005
Confuso para alguém.
terça-feira, setembro 20, 2005
segunda-feira, setembro 19, 2005
Crônica: Nos amargos olhos de Setembro
Manhã esbranquiçada. O frio faz com que feche as janelas do automóvel. O som alto proíbe o barulho estressante da rua, a marginal livre e a velocidade trazem o esboço de uma sensação quase feliz. O caminho está claro, a única preocupação que martela minha cabeça "Será que vão me deixar entrar?".
Como esperado, consigo subir a ponte; um homem com uma bicicleta pede passagem. Paro educadamente, mas, em meu interior, sinto a irritação de motorista impaciente. Olho no espelho, os carros enfileiram-se. Volto os olhos e vejo que o obstáculo se foi. Finalmente recupero o horizonte.
Mais uma vez, as preocupações dissipam-se, penso em abrir os vidros para sentir o vento em meus cabelos, mas, o frio rachante parece tentar manter-me enclausurado nos poucos metros quadrados do Peugeot 106, que já havia me acompanhado por tantas desventuras. Sem perceber, aproximo-me do escritório. Um turbilhão de responsabilidades, cobranças e stress voltam a me rodear. Lembro do magro salário que recebo e sou atingido por ódios e palavras que, até cinco minutos atrás, não esperava ter contato.
Último farol antes do estacionamento; um senhor de média estatura, óculos de aro tartaruga negros, calvo, cabelo branco e esgarçado, colete de lã rasgado e um saco de plástico nas mãos entra na frente dos carros. Imediatamente meu senso de esquiva faz com que minhas unhas pareçam ter 20 centímetros e começo a roê-las. Olho disfarçadamente a passagem do velho. "Será que ele vai parar aqui?". Fico cada vez mais tenso, o sentimento de impotência ante o fato é grande. Finalmente o senhor para ao meu lado. Tento ignorá-lo, mas, sinto o teor vil dessa atitude, então resolvo encará-lo. Erro terrível. Ao olhar atentamente para os olhos desse homem sinto toda sua angústia, a dor de ter trabalhado toda sua vida e não conseguir manter-se na velhice. As rugas em seu rosto contavam sua história melhor que qualquer um, até que ele próprio. Eram as fibras gastas em anos de sofrimento, desvalorização e muito trabalho que terminariam ali, em um farol entre a Av. Faria Lima e a Rua Amauri. Seus olhos pareciam querer chorar, mas, antes que as lágrimas esvaíssem de seus olhos, percebeu que a fila de carros continuava. "Quem sabe no próximo??".
O farol abre e continuo meu caminho, um pouco mais triste, um pouco mais prudente com meus demônios, um pouco mais indignado. Pensei, então: como pode alguns querer tanto e até desviar dinheiro público para ter mais conforto e outros desejarem apenas um real para garantir o almoço?!
Mundo injusto? Pessoas injustas? Qual a solução? Você tem essas respostas?
terça-feira, setembro 13, 2005
Caraminholas de Yo.
Nossa senhora, que sono! Não sei se encosto na mesa para dormir ou para amenizar a dor do meu estômago.
Não quero mais fazer esse trabalho chato. Sempre a mesma coisa, todo santo dia.Tenho que pensar que meus planos vão dar certo, senão eu piro.
Estou ouvindo um pouco de música pra relaxar. Recomendo Buena Vista Social Club, Gotan Project e um som muito bom que conheci hoje, de dois cabras chamados Hossam Ramzy e Rafa el Tachuel. Uma mistura de flamenco com música árabe, muito legal!
Nem sei por que estou postando, não tenho nada pra falar. Só quero encher o saco de alguém, mas, aqui sou meio solitário. Que papo mais coxinha, né? Vou parar, hasta!
segunda-feira, setembro 12, 2005
Salvem a velha senhora.
A certeza que tenho é que trabalho todos os dias, religiosamente das 9 horas até no mínimo às 18. Doente, cansado e ferido com as constantes punhaladas deferidas por aqueles que escolhi como procuradores nos assuntos nos quais estou ocupado demais para cuidar.
Mesmo com o coração enrijecido pela vida árida, minha alma foi perfurada e sangra dignidade. Exposto, tenho vergonha de dizer que faço parte desse todo ingrato e vil, sinto-me pequeno, convicto de que nada mudará. Suas cores ainda me emocionam mas, logo, lembro-me que meu amor não é recíproco.
Sofro a angústia dos injustiçados, apenas mais um entre milhões. "Salve, Salve", pede nossa mãe. "Um filho teu não foge à luta" respondemos. Mas, até quando?
domingo, setembro 11, 2005
Fusca? Só no ferro velho.
Olha, quando a gente pensa que já ouviu todo e qualquer tipo de "titiquices", surge mais uma para nos fazer desejar o apocalipse sendo o primeiro a ser destroçado pela ira divina. Neste sábado achei que minha gastrite se rebelaria e tomaria conta do meu estômago.
Depois de uma sexta-feira maravilhosa (em parte, claro), acordei capengo com um de meus irmãos ao telefone. Levantei e fui almoçar. Durante o resto do dia tentei convencer as pessoas que ligavam de que não queria ir para a balada. Impressionante como o ser humano tem o ouvido seletivo! Eu falava a seguinte frase "Cara, não estou afim de ir para a balada, estou muito sem gás pra isso". Os manés entendiam "Cara, estou afim de ir para a balada, estou com muito gás pra isso!". Moleques malditos! Mas eu sei que, na verdade, me amam. (risos)
Depois de passar o dia tentando convencer o povo de que estava realmente quebrado, parti para a casa da Patroinha. Um detalhe importante: ao vestir-me, tive a estranha sensação de que algo errado aconteceria. Saí com isso na cabeça, "Acho que vai acontecer algo com o carro". Na segunda curva do caminho, vejo um Fusca azul escuro vindo no sentido contrário. Como a rua é estreita, encostei educadamente para que subisse a ladeira. Com a aproximação do carro, percebi que chegava mais perto da contramão e, óbvio, do MEU carro. Mal posso descrever a angústia que me tomou naquela hora pré-colisão. A única coisa que consigo lembrar com clareza é "Filho da puta! Vai bater no meu carro!". Uns metros mais pra frente, o esperado "Báh!" e o corriqueiro "Caralho!". Fiquei até sem ação. Estacionei do outro lado e mandei a múmia encostar. Achei estranho ele parar no meio da rua. Abriu a porta, olhou, fechou, abriu de novo, pensou. Uma fila de carros amontoava-se atrás daquele que seria objeto de meu ódio nos próximos dias. Enquanto isso, olhava os danos no meu automóvel. Felizmente, não tinha acontecido nada, só o susto e alguns poucos arranhões no retrovisor. Por esse motivo fiquei tranqüilo no caso de uma fuga. O animal finalmente sobe a ladeira e faz a volta. Pensei que voltaria para conversarmos mas, passou apenas para "dar um alô" e foi embora. "Desgraçado!". Liguei o foda-se e resolvi partir ao encontro da Mulher. Durante a descida, olhei para uma rua e, lá estava o safado! Parado com o "carro" no meio da rua de porta aberta e xingando alguma coisa que agora penso ser eu. Em meu bom senso de justiça, resolvi ir conversar, dizer que não havia acontecido nada com meu carro e que não precisaria preocupar-se. Que piada! Logo depois que termino de dizer minhas palavras de consolo, o ser me solta um "Pô! Aí, você bateu no meu carro! Vai ter que pagar!". !!!!. Corno, maldito, sacripanta, safado, viado, porco, múmia... Foram as únicas coisas que quis dizer naquele momento. Como eu queria que se cortasse na porta e morresse de tétano na minha frente. Educadamente disse "Amigo, eu estava parado, como poderia ter batido em você?". O farrapo humano insistiu na idéia de que meu carro andou magicamente de lado. Enquanto a besta olhava desengonçadamente minha placa, aproveitei para averiguar algum tipo de cheiro de bebida alcoólica. Batata! Um perfeito pudim de cachaça. A partir desse momento disse "Pode deixar, você viu minha placa e eu decorei a sua" e fui embora.
Só para constar, CHT 4207.
Passei todo o caminho pensando em como minha vida é maldita e como o povo é desgraçado. Eu fui ser amistoso e o cara quis me ludibriar?? Tem que ser muito palhaço pra isso!
Chegando na casa da Pequena, fomos encontrar os amigos em um bar. Foi bem divertido depois que pararam com a história da balada. Afinal, alguma coisa precisava salvar o dia.
quinta-feira, setembro 08, 2005
...E pega o bonde do perdão...
Depois de passar dias procurando uma brecha no relógio, consegui 2 minutos para dar satisfações sobre o meu desaparecimento. Estou tocando meus projetos pra frente, tentando ver se fico rico em 3 semanas e largo mão de ser um coitado.
Dentre os tropeços, mancadas e aflições que passei nesses longos dias, gostaria de pedir desculpas a alguns camaradas por ter feito o que não devia. As vezes eu acho que estou fazendo o melhor e acabo "cagando na cara". Gostaria de pedir desculpas às outras pessoas que também enchi o saco e no bonde do perdão queria pedir desculpas a mim mesmo.Foram dias realmente complicados mas, esses são assuntos que não vem ao caso, tudo que posso dizer é que estava de "ovos virados" ultimamente.
No feriadão de nossa pátria amada salve-salve fui com a Patroa para Taubaté. Ela precisava levar umas coisas pra arrumar o TCC dela. Coitada. Se alguém quiser fazer curso de moda, faça no Senac. Nada de "elevadores Atlas", pra quem sabe do que estou falando. Os professores dela não tem referência nenhuma, muito menos, bom senso. A coordenadora do curso teve a brilhante idéia de que cada professor vai vistoriar apenas sua matéria, olha como ela é genial! E isso depois que todo mundo já está ferrado, no meio do último semestre. Só para contextualizar a merda toda, teve uma menina, ano passado, que fez um trabalho muito legal. O tema era “Santas Putas”. Todo o conceito foi tirado de um filme chamado “Amor por Compaixão” (filme espanhol muito bom!) do qual, em uma pequena cidade, as pessoas entravam em um dilema se certa senhora era santa ou meretriz. Ok, a menina pegou as cenas do filme para contextualizar o trabalho. Até aí, normal. O problema é que os professores ficaram maravilhados com o fato de a menina ter encontrado um vídeo no qual aparece o nome exato do tema do trabalho dela. Os sacripantas nem cogitaram a hipótese dela ter-se inspirado no filme! Olha, tem muita gente cretina no mundo onde não merece. Por isso, criei um ditado, que repito como um mantra, dizendo: Nunca duvide do potencial estúpido das pessoas. Realmente, se for "Atlas", vá de escada.
Fomos de manhã e voltamos no fim da tarde. Chegamos na casa dela e assistimos televisão. Nada mais a acrescentar.