segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Caminhos de um Eremita - Parte II

Começou Sábado, às 17 horas. Havia conseguido dissipar a adrenalina que me impedia de continuar, mas, antes de partir, precisava de dinheiro e combustível. A quantia certa, o tanque cheio, depois, apenas o largo e profundo horizonte. Assim, fui buscar a origem de meus anseios. Milhões de pensamentos invadiam minha cabeça preocupada mas, foram afogados com gasolina e triturados pela valentia de minhas rodas. O som alto, as músicas certas, o desafio e, finalmente, o horizonte.

Ele abriu-se como um sorriso brilhante e charmoso, prometendo sonhos. Segui a estrada, li as placas, meu destino já se anunciava. Chamava-me com pulmões fortes para que não desviasse, sua uma voz quente e reconfortante, instigava minha coragem para seguir em frente.

A música embalava meus sonhos de andarilho. Elas diziam para eu ser “racional”, para continuar naquele “caminho do bem”. Sem pensar muito, seguia as faixas brancas da estrada.

A chuva aproximava-se, o brilho do Sol começava a cessar. Algumas gotas, o vento um pouco mais gelado, a janela que se fechava parou pela metade ao perceber que meu caminho não era aquele. O Sol havia quebrado a barreira das nuvens e formado mais um de seus espetáculos. O caminho das chuvas não era o meu. As curvas levaram-me aos fachos de luz desenhados no céu. Diminuí a velocidade para tentar ver com mais clareza o que Pachamama queria me mostrar mas, a beleza ofuscou meus pensamentos. Azul, preto, amarelo, laranja, vermelho, anil e o dourado. Todas as cores estavam presentes enchendo meus olhos de encanto.

Um carro passa velozmente. Desperto de meu transe e percebo que é hora de voltar os olhos para a estrada. O velocímetro gira rapidamente para a velocidade de cruzeiro. “O que vou fazer quando chegar lá?”. O vento areja minhas idéias e leva meus ferimentos pra longe. Sentia que estava em casa naquela rodovia. Sem preocupações, sem ancoras, sem batalhas, só o vento e a música. A música, minha companheira inseparável durante os dias de viagem. As trilhas de minha vida.

Adiante, uma depressão e uma subida. Ao aproximar-me do topo, vou descobrindo um brilho forte. Era ele de novo. O Sol. Pintava as cidades próximas e a estrada com raios dourados que corriam do alto, dançavam entre as nuvens e beijavam a terra. Cidades e arvores de ouro cegavam meus olhos embasbacados. Um caminho dourado que prometia a glória final de minha jornada abria-se cada vez mais. Sorrir foi inevitável. Não acreditar foi impossível. As lágrimas secaram. A esperança renasceu e me fiz forte de novo. Meus demônios acovardaram-se e minha coragem floresceu novamente.

Já sentia os efeitos de meu ato. Restava, agora, chegar.

Continua...

Leia ouvindo | "El Mariachi", Era uma vez no México |

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Some things, we never let go...

Caminhos de um Eremita - Parte I

Ok, ainda não decidi sobre o destino de minha viagem, apenas sobre algumas definições: MP3 Player emprestado calibrado com The Doors, Elvis, Buenavista Social Club, O Rappa e Rolling Stones, roupas, refrigerante, alguma leitura e um guia. Falta definir mais algumas coisas, mas é só o caso de parar pra pensar melhor.

Acabei contando para meus pais sobre a minha pequena aventura pelo estado. Meu pai, sempre calmo e seguro, perguntou o porque e confiou, mesmo que só aparentemente, em minha decisão. Minha mãe, coitada, esta tentando me convencer até agora que não devo ir. Mas, vou, com chuva, sol ou neve (o que vai ser bem difícil).

Chamaram-me pra ir a muitos lugares, mas, vou sozinho, mesmo. Peguei gosto pela idéia. Já me disseram pra: Tomar vergonha na cara, levar papel higiênico, ficar em casa, ir e não voltar e, o mais bizarro de todos, tomar cuidado para não me enfiar no meio do mato, ter o carro roubado, ser estuprado e sair feliz por aí andando a pé. É, essa realmente não vai acontecer.

O importante é que tem alguma estrada que vai me levar a algum lugar desconhecido, cheio de desconhecidos e cheio de novas possibilidades. Falta descobrir onde é esse lugar e, para isso, estou procurando sugestões. Ouvi falar sobre Trindade, "o paraíso na terra", Parati, Amparo, Brotas e suas cachoeiras, Guarujá, Floripa, Barra Bonita, Ilha Grande, Ilhabela e suas belezas, São Sebastião e muitos outros lugares. Não sei qual caminho vou seguir, se alguém quiser dar algum palpite, eu aceito.

E aí, você conhece algum lugar a no máximo 3 horas daqui?

Leia ouvindo | "Clandestino", Manu Chao |

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Diálogo de alienados.

Na mesa do restaurante...

Fulano: Garçon, por favor, traga-me um petit gauteau.
Garçon: Pode deixar, senhor!
Cicrano vira-se para Beltrano e pergunta, logo na seqüência, com a cara mais atordoada que poderia: Gauteau é gato, mesmo?
Fulano: É bolo!
Cicrano: Glump!

Em frente ao prédio da empresa, durante o horário de almoço...

Fulano: Eu tinha uns sonhos estranhos quando era pequeno, uma vez sonhei que era o rei do gado que, quando anoitecia, virava lobisomem e em uma manhã acordei comendo sanduíche de alface e era estrangulado por ele.
Cicrano: Vixi! E eu que tinha mó neura de ir pra escola pelado, de esquecer de me vestir!
Fulano: Você sonhava que o pessoal ficava te zuando?
Cicrano: É, eles ficavam rindo da minha cara ai eu molhava eles e dizia “ Vai rir, mas, vai rir molhado!!”.
Fulano: Afff...
¬¬

Eu só conheço gente muito, mas, muito doente...

terça-feira, fevereiro 21, 2006

No chains for tomorrow.

Hoje estou num aqueles dias (sem piada, muleke!). Tenho vontade de sair por aí, sem destino certo, sabe? Pegar um busão pra lugar algum. Dar uma de homeless, passar a noite num lugar e sumir pela manhã. E acho que é isso que vai rolar no carnaval.

Estou pensando em ver como anda o interior ou então dar uma chegada em alguma praia que eu ainda não conheça. Sozinho, sem correntes. É bom pra refletir um pouco, pensar na vida, encher a cara sem compromisso, que nem fez meu brother, el Compañero. Esse cara fez a viagem que eu sempre quis fazer, colocou a mala nas costas, olhou para o horizonte e disse " é ali que vou ficar". To precisando fazer isso um pouco mas, não vou contar pra onde vou, nem se vou e nem quando vou.

A semana começou meio sem destino, acho que é assim que vou levar a vida agora. Domingo foi foda, não interessa porque. Basta saber que vou conduzir a vida de outra forma. Mais do que nunca, tenho consciencia de meu objetivo e nada vai me parar dessa vez.

Relembrei porque meus heróis são heróis e porque que morreram. Lembrei que vale a pena buscar o que desejamos, vale a pena sentir dor, gritar, lutar…Mas, antes preciso recarregar minhas baterias. Nesse carnaval vou encher a cara e filosofar com meus demônios, é com eles que preciso bater um papo malandro.

Talvez eu conte o que fiz, ainda não sei, mas, de certo não vou dar previsões do que planejo. Só que algo vai acontecer. A terra vai tremer, camarada.


Leia ouvindo | "Sunday, bloody sunday", U2 |

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Olhos de criança.

Eu pensava que a inocência tinha morrido nos anos 80. Hoje deparei-me com uma situação simples, pura e curiosa. É até estranho falar disso. De fato, senti uma ponta de inveja pela minha pureza perdida, mas, ainda sim, inspirei a brisa doce do momento.

Aconteceu que um amigo recebeu um e-mail, um tipo de corrente monetária que prometia lucro certo. O sistema era o seguinte: você recebe o e-mail com 6 nomes e 6 números de contas bancárias, então 1,00 real deveria ser depositado em cada uma delas. Aí, é só repassar para o maior grupo de pessoas possível. Dessa vez, no fim do texto não dizia que se a mensagem não fosse enviada em 10 segundos, 6 membros de sua família teriam um enfarte do miocárdio, pelo contrário, ela trazia um cálculo. Se 3% das centenas de pessoas depositassem a quantia estipulada, poderíamos receber milhares de reais. Não lembro agora como eram as contas, mas era uma idéia muito interessante.

Bom, como sempre, eu desconfiei da empreitada. Disse ser arriscado, e que nunca ninguém havia ouvido falar nisso e, sendo assim, como poderia ser algo sério. Meu amigo não se abalou com minhas palavras de descrença e disse “Eu estou apostando. E se outros também apostarem?”. Fiquei sem argumentos. Como poderíamos saber? E se realmente der certo? Olhei seus olhos cheios de fé e não pude deixar de perceber um brilho esperançoso no fundo de sua alma. Nunca o vi assim. Era uma pessoa tranqüila mas, enrijecida pelas necessidades de sua família durante o período de faculdade e, agora, por suas obrigações de pai e marido.

Na verdade, não cheguei a ler o tal e-mail, mas, ele falou com tanta fé que acabei sendo envolvido por aquela atmosfera de “querer acreditar”. Fui levado por uma estranha força a acompanhá-lo na jornada até as agências bancárias. Penso que nem ele mesmo sentiu a energia que envolveu aquele momento. Um misto de paz e tranqüilidade, como se voltasse a ser criança e acreditasse que os sonhos se realizavam e que as bruxas tinham narizes pontudos com uma berruga na ponta. É difícil descrever o que senti na hora, mas, seria muito bom se todos se sentissem assim mais vezes. Acho que o mundo seria mais humano e, a vida, menos sofrida.

Fiquei sem assunto, engasgado pela intensidade do momento durante aqueles poucos minutos que me faziam sentir forte, novamente. Lembrei de quando era criança e parecia saber de algo que ninguém mais conhecia. Aquele segredo que nos faz sermos felizes e que esquecemos quando ficamos adultos. Não sei se foi assim com todos, mas, comigo foi.

Ao chegar na empresa, continuei duvidando da veracidade da aposta, mas, mesmo assim, torço para que dê certo. Quem sabe eu não volto a acreditar na boa fé e na esperança? Só o tempo dirá

Leia ouvindo | "Le Usuahia A La Quiaca", trilha de Diários de Motocicleta |

If...

Enquanto garimpava algo interessante nessa bagunça que é meu PC, encontrei esse texto que achei interessante. Não lembro onde vi, mas, tinha deixado uma cópia "escondida".

"If you could step into my head, tell me, would you still know me? And if you woke up in my bed, tell me, then would you hold me or would you simply let it lie, leaving me to wonder why I can`t get you out of this head I call mine. And if I jumped off the Brooklyn Bridge, tell me, would you still follow me? And if I made you mad today, tell me, would you love me tomorrow? Or would you say that you don`t care and then leave me standing here?"

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Que fase......

Que fase...Tem horas que tudo parece estar indo abaixo. Ainda estou tentando descobrir qual dos pilares devo apoiar primeiro. Todos estão caindo ao mesmo tempo. Sei apenas que uma hora o teto vai desabar e provavelmente estarei embaixo.

Uma dessas colunas é a da amizade. Fiquei sabendo hoje que um camarada, praticamente irmão, vai embora. Vai voltar a morar com a mãe porque não tem dinheiro para ficar aqui sozinho. Conheço o “cabra” há pelo menos 8 anos, sempre nos ajudamos muito. Dessa vez foi diferente, não pude evitar sua partida. E isso me deixa triste. Vou sentir muita falta de você, velho irmão. Minha vida, agora, passa a ser um pouco mais densa.

A cobrança no serviço (já mudei de emprego de novo) é outro fator de stress. Cobrança por minha parte, querendo que tudo seja perfeito, e cobrança de pessoas que não quero decepcionar. Está sendo muito duro. Sinto o peso desmedido do compromisso com meu futuro a todo instante.

Não consigo ficar em paz comigo, não entendo o que acontece! Semana passada tive uma crise terrível de gastrite nervosa. Não conseguia nem comer. Pelo menos isso melhorou.

Estou escrevendo para desabafar, ver se algo melhora, se consigo enxergar o ponto de desequilíbrio e dar um jeito nessa bagunça. Quem sabe você não pode me ajudar?